Todos nós sabemos que há grandes desafios na carreira de um empreendedor, independente do seu ramo de atuação. São pessoas com ideias, objetivos e propostas que visam gerar mudanças reais e impactar o cotidiano de pessoas. E empreender na construção civil não é diferente. A área precisa mudar, inovar, mas ainda encontra certa resistência, o que pode ser um desafio para quem pensa em propor soluções e investir seus recursos em invenções criativas e inovadoras.
Mas como diz o ditado, desafios estão aí para serem vencidos. E é com essa determinação que Joaquim Caracas, fundador da Impacto Protensão, fala um pouco sobre a sua trajetória empreendedora e traz sua visão sobre inovação na construção civil. Na liderança da Impacto, empresa presente em 7 estados do Brasil e ganhadora de diversos prêmios por desenvolver soluções inovadoras, Caracas carrega o pensamento de que a vontade de fazer diferente deve sempre ser acompanhada de persistência.
Confira abaixo como foi o bate-papo da ConnectData com o empreendedor!
1) Fale um pouco sobre como e quando começou sua trajetória empreendedora.
Sempre fui uma pessoa inquieta. Desde a infância gosto de fazer coisas diferentes, que ninguém ainda tinha feito. Então isso sempre foi uma característica minha. A Impacto, empresa que tenho hoje, nasceu em 1996 com o objetivo de introduzir no Brasil a técnica de protensão não aderente em estruturas, permitindo, assim, economia de concreto na construção civil. Criamos a cordoalha engraxada para protensão, uma solução que possui uma camada de graxa e é revestida com uma bainha plástica de PEAD (polietileno de alta densidade). Antes da Impacto eu tinha uma fábrica de pré-moldados que, na época, funcionava de forma bem diferente do que fazemos hoje. Naquele período, as estruturas eram cheias de vigas, algo que atrapalhava muito a produtividade das obras. Com a cordoalha engraxada conseguimos mudar esse processo. Mas o desejo de inovar e fazer diferente ainda era grande. Passamos então a oferecer outras soluções para o setor além da protensão, como cimbramentos, fôrmas e módulos habitacionais. Enfim, estou ligado 24 horas por dia para fazer diferente, já é da minha pessoa. O importante é inovar e fazer diferente!
2) E quem foi sua inspiração?
Eu morava no interior do Ceará, em Guaramiranga e na época eu fazia aquelas pás de lixo para vender, com apenas 7 anos de idade. Eu sempre olhava as pessoas fazendo as coisas e pensava numa maneira de fazer diferente. Geralmente as pessoas fazem algumas coisas do mesmo jeito, mas tudo que eu sempre quis é ser diferente. Não sou perfeito, eu erro também e eu estou sempre no processo de melhoria contínua. Sempre digo para minha equipe aprender com quem sabe, para melhorar, fazer diferente. Nós saímos do Ceará para fazer obra do Brasil e isso só foi possível porque nós fizemos diferente, usamos a inovação.
3) Como você define inovação?
Eu costumo dizer que existe a inovação e a invenção. A inovação é a invenção que traz dinheiro. E eu explico o porquê: eu consegui tirar 90% da madeira das obras, um material que é utilizado de maneira artesanal, pois é necessário cortar, serrar, pregar… Consequentemente, ao passar a utilizar o plástico reciclado, eu diminuo o custo com mão de obra e a minha matéria-prima também sai mais em conta. Se ela sai mais em conta, eu consigo fechar um negócio. Por isso eu digo que a inovação é a invenção que traz dinheiro.
4) Quais os desafios de implementar a inovação na construção civil?
Existem vários, pois tudo o que você pensar em fazer, alguém já pode ter feito. Às vezes, o segredo é saber como aquela mesma coisa pode ser feita de um jeito diferente, mais econômico, mais eficiente. Para inovar, tem que ter a coragem de errar, porque é com os erros que aprendemos. No momento em que tivemos contato com a impressora 3D, por exemplo, tivemos um salto de qualidade e velocidade, pois muitas vezes se preparava um molde, que é algo caro, e ele não dava certo. Hoje, depois de muitas tentativas e falhas, é possível que ela saia da maneira que você planejou.
5) A Impacto Protensão coleciona prêmios de inovação e sustentabilidade. Qual é o segredo para alcançar essa marca?
É fazer diferente. Acreditar e fazer diferente. O que eu quero dizer é que não precisa estar na NASA para inovar. Eu sou do Ceará e consegui fazer diferente. A minha ideia do cabo plastificado, por exemplo, surgiu de uma vez em que eu estava no supermercado e observei que a validade do ovo era marcada na casca e aí tive a ideia de colocar o projétil no cabo, que acabou economizando 30% da mão de obra nas obras, pois com as peças numeradas, basta apenas casar os números. Hoje nossa empresa possui 21 patentes de produtos (6 concedidas e 15 em processo de aprovação). Isso se deve, principalmente, pelo uso que fazemos de materiais sustentáveis, como a substituição da madeira utilizada nas obras por plástico reciclado, entre outros processos que contribuem para uma redução de custos de até 32% da obra e o uso de até 45% menos mão de obra.
6) Quais as principais características do(a) empresário(a) inovador(a)?
É preciso ter o desejo de fazer diferente e ter a coragem de errar. É ir fazendo e melhorando, ajustando o que for preciso até chegar lá. Às vezes o empreendedor quer chegar à perfeição logo de cara e não consegue. Mas não é assim. E é preciso também ser persistente, pois a maioria desiste no primeiro obstáculo.
7) Qual mensagem você deixa para quem quer começar um novo negócio hoje?
De novo: tem que fazer diferente. Quem anda pelo caminho traçado, só anda até onde outros foram. E inovar é fácil: é só ter a vontade de acordar e por a mão na massa para fazer diferente. Você vai encontrar um jeito novo de fazer.
Joaquim Antônio Caracas Nogueira é fundador e CEO da Impacto Protensão. Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Ceará, conheceu o país ao ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar em Minas Gerais aos 15 anos. Ao concluir a faculdade, conciliou seu perfil empreendedor com a capacidade de criar soluções inovadoras que mudaram o cenário da construção civil.
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