Uma das características da tecnologia ConnectData é sua flexibilidade e possibilidade de uso em diversos setores. Com patente adquirida, e sem referências no restante do mundo, as soluções inovadoras oferecidas pela startup ultrapassaram as fronteiras da construção civil. Nesta entrevista, o engenheiro Gabriel Borges, CEO da ConnectData, revela que apesar de desafiador, o ano de 2021 trouxe muito crescimento. Talvez não tão ousado quanto o esperado, mas produtivo e enriquecedor. Uma importante conquista foi o projeto em parceria com a MRV Engenharia. “A intenção é funcionar como um braço de tecnologia da construtora, resolvendo problemas de processos, que é nossa expertise”. Confira!
O ano de 2021 foi extremamente desafiador para a maioria das empresas e setores da economia. Como a Connect se desenvolveu neste período?
Eu avalio de maneira muito positiva. Começamos a colher o que plantamos nos últimos anos, nos reinventamos e isso foi muito positivo. Tínhamos uma estratégia de crescimento bem ousada, que teve de ser revista diante do cenário mundial de crise sanitária. Mas exploramos outros caminhos, como a busca de fomento, editais e oportunidades de parcerias. Com isso conseguimos nos posicionar muito bem, pois percebemos que nosso forte é inovação. Institutos de Pesquisa e Desenvolvimento enxergaram o valor das propostas e tecnologias, não só os ligados à construção civil, mas a outros setores. Além disso, aumentamos nossa equipe com a contratação de novos profissionais. Foi um ano de aprendizagem.
Quais foram as principais ações realizadas em 2021?
Um dos projetos adquiridos foi com a MRV Engenharia, depois de longo processo de negociação. Com a abertura de um edital do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), numa linha chamada empreendedorismo industrial, foi possível colocar em prática um projeto audacioso que agrega muito valor para ambas as partes. Nessa parceria estamos desenvolvendo uma solução específica em que são aplicados os dispositivos da nossa patente. A intenção é funcionar como um braço de tecnologia da empresa, apoiando a resolução de problemas de processos de gestão e de engenharia, que é nossa expertise. Essa interface também é um desafio, tanto em relação às tecnologias aplicadas quanto à interação entre processos, exigindo a agilidade característica e necessária para toda startup. Outro projeto de grande relevância em andamento é com a ENGIE, maior empresa privada de energia do Brasil, também por meio de edital com o Senai. Além disso, entramos na área farmacêutica, com a aplicação de nossos sensores em uma grande indústria.
Como você analisa essa versatilidade das tecnologias da ConnectData sendo aplicadas em outros setores além da construção civil?
Desde o surgimento da ConnectData, enxergamos vários gaps no mercado, o que nos fez decidir por uma estratégia de patentes. Ou seja, desenvolvemos algo modular, flexível, chamado no mercado de “agnóstico”. Isso nos possibilita utilizar nossos sensores em diferentes processos e casos de uso. Um exemplo é que nosso dispositivo coleta dados de materiais, pessoas e equipamentos. Assim, quando unimos isso geramos informações relacionadas a processos e produtividade de equipes, facilitando a tomada de decisões.
A ConnectData tem atuado nas áreas corporativa e residencial, ou focado mais em algum destes segmentos?
Hoje a atuação é mais residencial. Temos um maior volume, em função da nossa rede de relacionamento. Porém, a tecnologia é flexível para todos os segmentos, tudo depende da necessidade e tamanho do problema, mas existe a possibilidade de testes e adaptação das ferramentas. Quando falamos em Internet das Coisas, várias questões têm de ser avaliadas, como conectividade, coleta de dados e interferência de materiais. E isso acontece não só no canteiro de obras como também no site industrial ou em um ambiente de armazenamento de insumos e materiais, por exemplo.
É possível destacar os diferenciais da CD em meio a tantas Construtechs?
Temos a patente de uma solução diferenciada. Conseguimos montar o equipamento conforme o tipo de uso, inserindo diferentes sensores ou retirando módulos .A vantagem é que nosso método permite rastrear várias características do ambiente ao mesmo tempo. Isso possibilitou a diminuição de custos de aplicação em até 12 vezes, comparativamente a tecnologias específicas. Acreditamos muito na importância da Pesquisa e Desenvolvimento, para nossa tecnologia, com isso A ConnectData tem projetos de pesquisa com instituições de ensino e centros de pesquisa de referência. Nosso objetivo é trazer mais produtividade e eficiência aos e projetos e processos de engenharia, minimizando custos e proporcionando maior competitividade.
Uma grande expectativa é gerada em relação às tendências para a Construção Civil em 2022. O que a ConnectData espera para o próximo ano?
Se o cenário que está sendo projetado se confirmar, será necessário investir em muita tecnologia. Sou muito otimista em relação a isso, até porque é um caminho sem volta. Para 2022, as expectativas são ótimas, pois estabelecemos o desenvolvimento de pesquisa e parceria com algumas instituições. Temos uma equipe extremamente competente em suas áreas e a cada dia mais coesa, ou seja, estamos preparados para isso.
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